Desistência de Gabriel Medina gera novo alerta sobre saúde mental no esporte

O surfista desistiu de competir na tradicional etapa de Pipeline e depois na de Sunset Beach para cuidar de sua saúde mental

Oanúncio do brasileiro Gabriel Medina de que não participará das duas primeiras etapas do Circuito Mundial de Surfe chamou a atenção do mundo do esporte. O surfista desistiu de competir na tradicional etapa de Pipeline e depois na de Sunset Beach para cuidar de sua saúde mental. Especialistas destacam a importância de mais atletas darem a atenção necessária ao tema e buscarem tratamento.

 

"Um atleta com acompanhamento físico e mental é um atleta em potencial. Com esse preparo, garante sua estabilidade psicológica na condução da vida e do exercício profissional", avalia o terapeuta Beto Colombo.

Ao anunciar sua desistência, Medina disse estar esgotado ao fim da temporada e revelou ter passado por uma "montanha russa de emoções dentro e fora da águas". Vitórias e derrotas criam expectativas e cobranças cada vez maiores. A pressão nas competições esportivas e também na vida pessoal podem ser um obstáculo para os atletas de alto rendimento.

Equipes e atletas têm trabalhado com psicólogos esportivos para suporte cotidiano diário, dentro de uma visão multidisciplinar no esporte, embora a profissão ainda busque maior espaço na área. Psicólogos esportivos podem trabalhar aspectos emocionais como melhora de foco e atenção, velocidade de reação, treinamento mental, aumento de motivação, dentre outros. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) desenvolve um trabalho de longo prazo com os esportistas do Time Brasil e conta com uma equipe de profissionais de saúde mental formada por dez psicólogos, além de um psiquiatra e um coach.

No ano passado, grandes atletas como a tenista Naomi Osaka e a ginasta Simone Biles revelaram enfrentar problemas de saúde mental. O tema ganhou grande destaque em 2021 e ligou o alerta nos esportes. "Os atletas profissionais não estão livres de desenvolver transtornos mentais. A ansiedade antes de competições e a tristeza após o fracasso numa prova são normais, mas podem evoluir para sintomas ansiosos e depressivos mais marcados que causam prejuízo no rendimento do profissional. Quando um indivíduo chega a desistir de algo para o qual se dedicou a vida toda, há algo de errado", diz a psiquiatra Lívia Castelo Branco.

Receber apoio de pessoas próximas para tratar da saúde mental é ponto chave para começar a mudança do quadro clínico. A principal patrocinadora de Medina compreendeu a decisão do atleta de não disputar as duas primeiras etapas do Circuito Mundial e disse apoiar o brasileiro para se recuperar totalmente e voltar mais forte.

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