Briga interna no PT fez Lula perder a linha.

Presidente eleito não vai deixar que disputa interna no partido invada o novo governo.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mostrou bastante irritação em reunião com membros de seu partido. Chegou ao ouvido dele que há um racha interno na sigla, que estaria dividida na disputa regional de poder. Alas importantes da legenda estava se posicionando contra nomeações de filiados nordestinos, ao mesmo tempo que diretórios do nordeste articulavam para barrar ministros do Sudeste.

"O racha regional não vem de hoje, mas se acentuou com a disputa de cargos", informou um assessor do presidente eleito. Segundo ele disse à coluna, membros do PT no Sul e no Sudeste tentaram articular para que colegas do partido no Nordeste não ganhassem cargos no primeiro escalão. A estratégia é para evitar que algum nome da região desponte como sucessor de Lula em 2026.

Por outro lado, grupos "da metade de cima" também agiram assim. Pelo menos cinco petistas do Nordeste e com certa influência com o presidente eleito conversaram com ele para evitar que nomes como o de Fernando Haddad assumissem ministérios. O ex-prefeito de São Paulo é visto como queridinho de Lula e a proximidade irritou filiados históricos de outras regiões.

A guerra interna chegou ao ouvido de Lula, que tomou atitudes drásticas. A primeira foi de manter Gleisi Hoffman como presidente da sigla. Ele entende que a deputada federal consegue manter os diretórios sob sua tutela sem criar uma disputa exagerada pelo poder. O petista lembrou que a competição também é saudável, mas se incomodou com tentativas de definir seu ministério por parte de diretórios regionais.

A segunda medida do governante foi resolver a equação anunciando ministros e, entre eles, um do sudeste ( o próprio Haddad ) e também do Nordeste, com Rui Costa , um dos expoentes do PT na Bahia. Com isso, Lula entende que o recado foi claro e que alimenta a disputa pela sucessão, porém não pretende admitir boicotes a colegas ou que governem por ele.

Além disso, o presidente eleito mandou um recado claro ao próprio partido. "O Lula ficou muito irritado e chegou a não atender telefonemas de aliados", contou outra fonte à coluna. O silêncio foi visto como um recado de que a divisão dentro do PT não vai chegar ao governo porque ele irá blindar sua própria administração. Em conversa privada, o próximo presidente pediu que Gleisi acalme os ânimos e apare as arestas.

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